quarta-feira, outubro 28, 2009

Petições Para Que Vos Quero

As petições. Ah, as petições, as petições… O que seria deste mundo sem as petições? O que seria do Rui Santos sem uma petição? Provavelmente, apenas mais um viciado em gel barato, aos caídos pelo Intendente, ressacando pela sua dose diária de azeite. É uma pergunta que ele pode deixar a si próprio para responder no próximo programa.
As petições, hoje em dia, são conhecidas pela enorme relevância que assumem no caos democrático em que vivemos. Por exemplo, Rui Santos conseguiu mobilizar para a sua petição personalidades tão afastadas do futebol como Almeida Santos, Bárbara Guimarães ou Cuíkeh Flores.
Há quem pense que as petições são coisa nova. Mas não. Pelos menos, já desde os tempos da queda do Muro de Berlim que circulavam petições por aí. Eis três exemplos.

1 – Petição “Meninas Não Entram Em Chaves”

Em 1991, Slavkov deslumbrava nas margens do Tâmega. Com os seus passes desenhados a régua e esquadro e bolas que faziam cuchi-cuchi às redes, Slavkov levava todo o povo flaviense a sonhar de olhos abertos. Pudera. Os olhos não se podiam distrair daqueles postes de iluminação com publicidades monstruosas a uma entidade de construção civil com um nome tão catchy como era a ACCIOP. Mas, lá no fundo, Slavkov não andava bem. Sentia falta do velho bigode que personalizava a mística transmontana. Ultimamente, o balneário andava tão imberbe que até a mais pueril das ginastas da ex-RDA faria um figurão. Radi, Zdravkov para os amigos, tinha abalado e com ele levado um pouco do coração de Slavkov. É que Radi (não confundir com Rudi, por favor) era dono de um excelso bigode de inspiração bárbara que era capaz de mobilizar toda uma horda de guerreiros sedentos de bom futebol apenas com um pequeno esgar, como podemos constatar neste pictograma de 1988:
Este bigode era capaz de motivar todo um balneário, toda uma equipa, toda uma região. É certo que Diamantino, o capataz flaviense, possuía um bigode de fazer inveja a qualquer taberneiro que assa frangos de mangas arregaçadas com um avental da Scotch-Brite. Todavia, Diamantino já anunciara a sua retirada e a sua total dedicação ao negócio de enchimento de alheiras. Foi então que Slavkov, não conseguindo esconder o seu défice de carinho atrás do seu rosto quadrado, fez passar a sua petição, requisitando mais pilosidades infra-nasais no Desportivo local, de preferência farfalhudas.
Paulo Alexandre foi logo o primeiro a assiná-la, convencido que só o bigode de Manuel Correia seria insuficiente para assegurar a consistência do eixo defensivo. Lila também assinou de bom grado, pois tudo o que distraísse o público do seu nome que fazia pesadelos a Fernando Seara era bem-vindo. Depois Rudi assinou por simpatia. Vule assinou de cruz. E todos os outros se seguiriam, incluindo o próprio Diamantino, ciente que o seu testemunho seria passado a um rosto suficientemente viril.
O resultado final: um enorme sucesso. Chaves foi presenteado não com um, mas sim com dois bigodes – o portuguesíssimo Tavares e o obscuro búlgaro Tanev, recrutado numa taberna de Plovdiv. Agora Slavkov podia sorrir outra vez. Mas não o fez. Porque Slavkov jamais sorria.

2 – Petição “Mais Sal Para o Futebol Madeirense”

Na pérola do Atlântico, os canários piavam fininho. Isto porque havia pouca substância futebolística na torre de Babel em que se tornara o União. Entre balões e desmarcações desconexas, Markovic discutia com Lepi, este barafustava com Jairo, Jairo repreendia Dragan enquanto este se agastava com Stilic, e Nelinho, o português, perdido no meio, dizia “hã?”. O que faltava em golos sobrava em confusão.
Vai daí, Nelinho, pequeno no nome mas com enorme espírito de resistência, empreendeu uma petição em que clamava pelo verdadeiro sal do futebol: os golos. Para tal, precisava que a direcção reforçasse o clube com mais trunfos.
Nelinho explicou a questão aos colegas, em português. Isto levou cada um deles a interpretar à sua maneira a explicação de Nelinho. Por exemplo, Markovic escondeu a Bíblia do Marco Aurélio no cacifo do Valadas e Edilson começou a correr à volta do campo sem objectivo aparente. Mas Nelinho lá conseguiu recolher um número aceitável de assinaturas, não contando todavia com a receptividade de Matias, que protestou “Qu’esta m**da, car***o?!?”.
A direcção sensibilizou-se e respondeu com a contratação do equatoriano Quiñonez. E depois com o brasileiro Manu. Nelinho exasperava com as dificuldades de comunicação. O sal do futebol continuava ausente. Até que a direcção, farta das exigências de Nelinho, arranjou-lhe o mais próximo que conseguiu:
Não foi sal, foi Pimenta. E, curiosamente, este nem sequer marcava golos, quanto muito tentava evitá-los com o seu portentoso par de sobrancelhas.
Nelinho, desalentado, acabou por desistir das petições. Dedicou-se antes a cursar sérvio, espanhol, algum búlgaro pelo sim pelo não e linguagem gestual, na qual se graduou com distinção.

3 – Petição “Se Um Caccioli Incomoda Muita Gente, Dois Cacciolis Incomodam muito Mais”

Milton Caccioli
, a calva mais conhecida do Minho, elevou-se desde cedo à condição de mito – facto reconhecido humildemente pela Cromos da Bola, SAD. A sua presença em campo significava um bom espectáculo. Hoje a sua presença fora de palco significa uma boa pizza. Caccioli estava de facto destinado para grandes feitos. Os adversários tremiam com o brilho da sua careca refulgindo ao sol e os colegas bebiam os raios de luz que saíam dos seus pés sob a forma de bolas de Berlim carregadas de açúcar e creme. A cabeça de Caccioli apenas pensava em futebol, passes rasgados e tabelinhas mágicas, pelo que nem havia espaço para o cabelo crescer em terreno futebolisticamente tão fértil.
Cientes que Caccioli era o Rei Midas de Famalicão, o plantel apressou-se a engendrar uma estratégia de capitalização do seu maior activo – ou seja, seria possível multiplicar o efeito-Caccioli? O plantel elaborou uma petição nesse sentido e a resposta foi um retumbante “sim”.
Não foi sequer preciso recorrer a gente rebuscada, como políticos, músicos ou apresentadores de TV. Nada disso: a resposta estava no próprio plantel. O seu nome era Luís Miguel. Podia ter sido um Carlos Alberto ou Pedro Alexandre qualquer, mas o escolhido foi Luís Miguel. Uma vez designado por unanimidade o novo Caccioli, Tanta, Lula e Ben-Hur retocaram Luís Miguel. Deram-lhe uns encontrões, cortaram-lhe o cabelo à chapada, pisaram-no aqui e acolá, mandaram-lhe uns quantos berros bem dados e Luís Miguel ficou pronto.
Estava lá tudo: a pose, a calvície e o olhar de desafio ao sol. Luís Miguel era a sósia que Caccioli nunca sonhou ter no próprio plantel.
Mas Luís Miguel não aguentou a responsabilidade. Não estava preparado para ir aos céus tão repentinamente. Ao fim de seis jogos, os seus nervos quebraram e Luís Miguel ficou feito em fanicos. Há quem diga que foi o Tanta, o Menad desconfiou do Lula, o Ben-Hur assobiou para o ar. O certo é que Luís Miguel não conseguiu ser o Caccioli que todos desejaram. A petição, contudo, tinha sido um sucesso sem paralelo.

sexta-feira, outubro 23, 2009

Boavista Vice

Dois homens, dois justiceiros.

Paladinos de padrão xadrez pintando o golo a tons pastel sob a égide da lei.
Esgares de superioridade envoltos em fatos Armani.
Olhares determinados sob Raybans apontados à linha de baliza.
Suaves e silenciosos, deixam o seu cunho pessoal gravado a néon pluricromático nos traseiros dos zagueiros adversários.

Richard Daddy com classe mata, Marlon Brandão com distinção esfola.

Espalhem o perfume Paco Rabanne pelas outrora insalubres sarjetas do resultado nulo e dos marcadores inalterados.

Porque eles vêm aí, e vêm de sapatinho italiano calçado.

segunda-feira, outubro 19, 2009

Festa da Taça

Este post simples e eficaz quer homenagear 2 cromos da bola que entraram na festa da taça, através do descohecido Monsanto, da II Divisão B.

MARÇAL - campeão pelo Boavista, a sua carreira foi sempre a descer, mas lá está de novo na ribalta. Todos se lembrarão do cabelinho amarelo, perinha amarela...um visual sui generis no Setúbal. Passou ainda por Felgueiras, Ovarense e até pelo Lixa!


VÍTOR ALVES - Ex guardião da Académica de Coimbra, jogou até final dos anos 90. Era o eterno suplente da equipa dos estudantes, atrás de Tó Luís, Sérgio, Pedro Roma...

mas jogou com Latapy, Lewis, João Tomás, Febras, Dário, o grande Dinda... entre outros. Vítor Alves deve ser um baú de boas histórias cromáticas dos relvados portugueses...

Obrigado Taça por trazeres para a montra do futebol verdadeiros monstros da bola.

sexta-feira, outubro 16, 2009

É Petrogal, Ninguém Leva a Mal

Era uma vez uma jovial agremiação de Leça da Palmeira, solarenga, alegre e com futebol para encher a nação inteira. Lá dançavam futebolistas aos pontapés, vitórias brotavam pelo País de lés-a-lés.
Havia Róscar, Chico Nelo e Nando; havia galhardia e até um Armando. Tempos felizes, tempos de fartura; caçava-se perdizes e degustava-se a gordura.












Róscar, o despenteado porém sonhador petiz, desenhava uma promissora carreira a giz. Quem chegou o apagador ao quadro e rasurou esse futuro, não seria com certeza um fã de kuduro.
Seria possivelmente um adepto da chanson pimba, tal como Chico Nelo. O irrequieto vagabundo de capilar monumento canalizava energias de Nel Monteiro, o popular portento.
Chico partilhava a meia-lua com o virtuoso Nando, a proverbial voz de comando. O semi-calvo fantasista de cariz ofensivo servia o couro aos avançados, qual garçon ofertando um aperitivo. Quem não se lembra desta criativa mente de pornográfica chuteira fluorescente?












Mas também de Serifos se fazem as conquistas. Avançado acutilante, esculpido em carvão e transformado em diamante. Monarca leceiro, Weah da Petrogal, ídolo dos adeptos pese embora o golo não ser ocorrência normal. Tão grande era a sua popularidade, que o Windows dedicou uma font à sua genialidade. MS Sans Serif? Homessa! "sans" o "Serif" ninguém se recorda do Leça!
Outro artista com nome de Rei: Jordão era um imberbe reguila, mas já impunha a sua Lei. Sem pistola no coldre ou chapéu de cowboy, a cerebral promessa era adepta do não mata, mas mói.
Sobra-nos o nome de Jarrais. Sempre sorridente, de pêlo sedoso e sobrancelhas bestiais.












E já que falamos em bestiais, recordemos o senhor de bigode que aconchegava o banco de Vladan em dias pares, ímpares, tardes incomuns e noites normais. Bestial era o seu nome do meio, bestificante a sua elasticidade, e felina era esta nossa besta incapaz de abocanhar a titularidade.
A palavra bigode, substantivo de inusitada importância, teria sempre que vir acompanhada deste elemento de superlativa militância: Matias, o valoroso central - betão armado no cerne da defesa, arranha-céus de pilosidade supralabial.
Utensílío de lavoura, ou membro da resistência timorense? Grite-se Alfaia, qual Xanana reclamando a independência. A talhe de foice, houve timorenses falsos de Vera Cruz mascarados; lembro-me de Esquerdinha e Ronny, laterais malfadados. Mas conterrâneos de Gusmão só houve um, com nome de tambor de Maracatú e duro como uma cana de bambú.












Para finalizar o passeio, revejamos apenas as luvas de aço na esfíngica figura do gigante vivaço.
Vladan, o colosso sérvio de irascível temperamento, temível aranhiço que rechaça bolas a contento. Um homem duro, de granítica expressão, que não admitia miminhos ou festas, mesmo vindas de um campeão.
É verdade, um campeão europeu que habitava em Leça e não se chamava Amadeu. Seu nome era Festas, coberto de glória em 1987, galhardo central no relvado e com soltura na retrete. Experiente, mandão e de franjinha impecável, perante os avançados já não era nada amável.
Para oferendas aos cientistas do golo tínhamos o Isaías, uma versão sem bigode do Matias. Um simpático central de aspecto relaxado, e um respeitável penteado amiúde bem cuidado.

Assim abandonamos Leça da Palmeira, despedimo-nos dos hombres da IMOLOC e da Divisão Primeira. Aguardamos o regresso algures pela Exponor, com Vinha, sem Vinha, mas sempre com muito amor.

terça-feira, outubro 13, 2009

A Malta de Alverca 1997 - parte 1


A propósito de jogarmos contra Malta amanhã, há uma malta que vale a pena falar ... Alverca 1997 - Uma boa colheita sem dúvida.
Para começar, esta equipa tem um mister de Luxo, MÁRIO WILSON!! "Qualquer treinador pode ser campeão no Alverca" terá dito este sábio mister.

12 anos após essa época, vale a pena olhar para as fronhas desta malta.
E que malta!
Localizando e contextualizando, o Alverca estava na II Divisão de Honra (mas que Idalécio nome). Após uma epoca com Mário Wilson e José Romão como timoneiros, a ambição era grande. Não poderia subir à I Divisão, como satélite que era do Benfica, mas então era um viviero de futebolistas com largo futuro.. atenção que largo nao significa bom!

E entao olhem só para esta defesa:

- Hugo Costa: prometedor, o novo F. Couto, escolas da Luz, Selecções jovens qb.. Nascido no Tramagal, cedo tramou que queria ir para o Benfica. Hoje em dia joga no Pinhalnovense, depois de passagens por clubes europeus como o Atromitos Yeroskipou, Stoke City e RW Oberhausen. Agora joga no clube de Pinhal Novo, para pelo menos sentir que rejuvenesce e o futuro será mais risonho. Mas em 97, 30 jogos no Alverca.

- Nélson Morais: Defesa direito, escolas de Corroios, mas mais um que vai para a Luz e conclui a sua carreira de junior no Benfica. Na selecção é presença assídua.. Veloz, baixo, ágil, parece ser um lateral à Roberto Carlos. Mas mais uma vez, Alverca, Campomaiorense, Leiria.. e o fim no Seixal, ainda com 30 anos! Pobre Nelson Morais... Mas em 97, foram também 30 jogos no Alverca.

- José Soares: Mais uma promessa. Neste época de 97 faz também 30 jogos. Em grande Ze´!!Mas onde começou Zè Soares a carreira? Começa na sua terra natal, Elvas pois então! E depois muda-se para... ora lá está ! adivinharam , é a escola da Luz, sempre muito profícua. BBBBBBBBenfica!! E depois lá começam os Famalicões, os Alvercas, o Campomaiorense (o célebre duelo com Jardel.. inesquecível) , o Aves,.. e depois a óbvia internacionalização.. começando pelo Istres de Frauunça, mas que nao deu para sentir-se um verdadeiro emigra. Pelo que logo a seguir, toca a ir para a Alemanha jogar no Schweinfurt!! Bem, nao estava a ser muito positivo.. e porque não ir até à terra do pittrólio? Arábias é sempre espectacular. vai daí, All-Itthiad e Al-Shamal foram os novos estádios que viram Zè Soares em todo o seu esplendor. Jardel é que ja sentia falta dele em terras de Campomaior, por isso pedi-lhe "Ei, Zé, cára, veim para Portugaul novamentchi! Elvas precisa di tchi!!. Quem sabe a Manuela Moura Guedes nao o chama para ume entrevista !!" E José Soares, grande amigo de Jardel, acabou por regressar ao seu clube natal. Mas a TVI não quis nada com ele. Eis que a meio do ano, surge um convite para conhecer a bela India! E o Caminho das Indias leva-o ao Salgaocar... nao , nao é um stand. é mesmo um clube. Bem... era qualquer coisa que queremos pensar que era um clube..!

Toda a aventura tem um fim e Zé regressa novamente. Por isso, Elvas volta a vê-lo jogar!! Excelente, amor á terra... ups.. eis que surge o convite do Badajoz! E voilá, emigrante de luxo em Esspanha, mais um!!!
Pelas últimas notícias que conseguimos apurar, consta-se que este ano Zé Soares passa o dia a cantar "Ó Elvas ó Elvas, Badazóoooooooz á vista... sou contrabandista de cortes e carrinhos ao Jardel, transporto no peito o embelema dos carameloss.. o embelema dos caramelooooooooos, o embelema dos carameeeeeeeeeloooooss! "


domingo, outubro 11, 2009

Arte Bué Pop

Warhol e a sua musa, Marilyn Jesus. Luís Filipe Vieira, confrontado com os quinze minutos de fama do seu treinador, admitiu, resignado: "Deus dá dentes a quem não tem nozes". E assim matou duas cajadadas com um coelho só. Pois é. Em casa de pau, espeto de ferreiro.

Mona Mendes

A velha questão que atormenta a humanidade: de que sorri Milton Mendes?
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